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    O Vácuo e o Herdeiro: Como a Queda de Bolsonaro Redesenha o Poder em Goiás e Projeta Ronaldo Caiado para a Disputa Nacional de 2026
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    O Vácuo e o Herdeiro: Como a Queda de Bolsonaro Redesenha o Poder em Goiás e Projeta Ronaldo Caiado para a Disputa Nacional de 2026

    A situação de Bolsonaro beneficia diretamente o governador Ronaldo Caiado, que já se posicionou como pré-candidato à presidência para 2026. Caiado possui uma aprovação excepcional de 88% em Goiás, com 73% dos eleitores acreditando que ele merece eleger seu sucessor no estado. Esta alta popularidade se traduz em força política significativa para influenciar o cenário nacional.

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    2 de setembro de 2025
    O Vácuo e o Herdeiro: Como a Queda de Bolsonaro Redesenha o Poder em Goiás e Projeta Ronaldo Caiado para a Disputa Nacional de 2026

    Introdução: Goiás como Epicentro da Transformação Conservadora

    A iminente e provável prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, somada à sua já consolidada inelegibilidade, não representa apenas o ocaso de um ciclo político, mas o gatilho para uma reconfiguração sísmica no campo conservador brasileiro. Este relatório argumenta que o estado de Goiás, um dos pilares do bolsonarismo, tornou-se o principal laboratório e epicentro dessa transformação. A análise a seguir demonstrará como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), a partir de uma gestão com aprovação recorde, posicionou-se de forma estratégica não apenas para sobreviver ao vácuo de poder deixado por seu antigo aliado, mas para capitalizá-lo. Ao consolidar sua hegemonia regional, Caiado projeta-se como um dos herdeiros mais viáveis do espólio bolsonarista em nível nacional, mirando a disputa presidencial de 2026. A metodologia empregada nesta análise baseia-se na triangulação de dados sobre a situação jurídica de Bolsonaro, pesquisas de opinião pública que aferem a gestão de Caiado, os resultados das eleições municipais de 2024 como um termômetro da disputa de poder, e as primeiras pesquisas de intenção de voto para 2026, oferecendo uma visão prospectiva e estratégica sobre os desdobramentos políticos em curso.

    Capítulo 1: O Ocaso do Patriarca: A Inviabilidade Jurídica e Política de Jair Bolsonaro

    A trajetória política de Jair Bolsonaro para o ciclo eleitoral de 2026 encontra-se obstruída por barreiras jurídicas que, na avaliação de especialistas, são praticamente intransponíveis. Sua condição não é apenas de um adversário político enfraquecido, mas de um ex-líder compulsoriamente afastado da disputa eleitoral e sob a ameaça real de encarceramento, um cenário que força a direita a recalcular sua rota e buscar novas lideranças.

    1.1. Inelegibilidade Consolidada: O Fim do Caminho Eleitoral

    O impedimento de Jair Bolsonaro de concorrer a cargos eletivos não é uma possibilidade, mas um fato jurídico consolidado por múltiplas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A primeira condenação, em junho de 2023, declarou-o inelegível por oito anos, até 2030, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O caso se refere a uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, na qual o então presidente utilizou a estrutura do Estado para atacar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. A decisão foi tomada por um placar de 5 a 2, conferindo-lhe robustez institucional.

    Meses depois, em outubro de 2023, uma segunda condenação pelo TSE reforçou sua condição de inelegível. Desta vez, Bolsonaro e seu candidato a vice, Walter Braga Netto, foram punidos por abuso de poder político e econômico durante as comemorações do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, eventos que foram desvirtuados para fins eleitorais. A existência de duas sentenças distintas sobre o mesmo tema — abuso de poder em benefício próprio — torna a reversão do quadro no Supremo Tribunal Federal (STF) um cenário altamente improvável, segundo a avaliação de juristas. Essa certeza jurídica de que Bolsonaro estará fora da cédula em 2026 e 2030 é o fator primordial que legitima e acelera os movimentos de sucessão dentro do campo conservador.

    1.2. A Sombra da Prisão: Processos Criminais e o Risco Iminente

    Para além da inelegibilidade, a situação de Bolsonaro é agravada por uma série de investigações criminais que tramitam no STF. As acusações são de extrema gravidade e incluem tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa. Caso seja condenado, as penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.

    A seriedade do quadro é evidenciada pelas medidas cautelares já impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair de casa à noite. Em um desdobramento que revela a desconfiança do Judiciário, foi determinado o monitoramento presencial da área externa de sua residência pela polícia penal, diante do risco de uma tentativa de fuga para uma embaixada estrangeira. A prisão, portanto, deixou de ser uma especulação para se tornar um desfecho de alta probabilidade, ainda que possa ser cumprida em regime domiciliar inicialmente.

    1.3. A Estratégia da Sobrevivência Política: Emulando Lula 2018

    Diante da inevitabilidade de sua exclusão eleitoral, Bolsonaro e seus aliados mais próximos, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, adotaram uma tática de sobrevivência política. A estratégia consiste em manter seu nome como pré-candidato, mesmo ciente da inelegibilidade, em uma clara emulação do que fez o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. O objetivo é manter seu capital político intacto, polarizar o debate e, no momento oportuno, tentar transferir seu espólio de votos para um nome apadrinhado.

    Contudo, existem diferenças cruciais que limitam a eficácia dessa estratégia para Bolsonaro. Em 2018, Lula enfrentava um Judiciário dividido e processos no âmbito da Operação Lava Jato, cujas condenações foram posteriormente anuladas por questões processuais. Bolsonaro, por sua vez, enfrenta um STF amplamente coeso em relação aos inquéritos que o atingem e é acusado de crimes contra o próprio Estado Democrático de Direito. Essa distinção fundamental dificulta a construção de uma narrativa de "preso político" com a mesma ressonância e legitimidade, tornando o vácuo de poder na direita uma realidade cada vez mais concreta.

    Capítulo 2: O Herdeiro do Cerrado: A Consolidação de Ronaldo Caiado como Potência Nacional

    Enquanto o patriarca do conservadorismo brasileiro enfrenta seu ocaso jurídico, em Goiás, uma nova liderança se consolida com força avassaladora. Ronaldo Caiado transformou o estado em sua fortaleza política, alicerçada em uma gestão com índices de aprovação recordes e vitórias eleitorais estratégicas que o posicionam como um sucessor natural para uma parcela significativa do eleitorado de direita.

    2.1. Gestão de Aprovação Recorde: As Bases do Poder Caiadista

    Ronaldo Caiado consistentemente se destaca como o governador mais bem avaliado do Brasil. Pesquisas de diferentes institutos confirmam essa posição de forma inequívoca. Levantamentos da Genial/Quaest apontam uma aprovação popular que oscila entre 86% e 88%, com uma taxa de desaprovação de apenas 9%. O instituto AtlasIntel corrobora essa tendência, registrando 75% de avaliação positiva para o governador goiano.

    O principal pilar dessa popularidade é a segurança pública. A gestão de Caiado é considerada "positiva" por 74% dos goianos nessa área, um índice muito superior ao de outros grandes estados, como São Paulo (28%) e Rio de Janeiro (14%). Essa percepção é sustentada por dados oficiais que mostram quedas expressivas nos principais indicadores de criminalidade entre 2018 e 2025, como homicídio doloso (redução de 62%) e latrocínio (redução de 95%). Caiado capitaliza esses números com um discurso de "tolerância zero" contra o crime, que ressoa fortemente com o eleitorado conservador.

    Sua força, no entanto, não se limita a uma única pauta. A administração é bem avaliada em áreas diversas como Educação (71% de aprovação), Políticas Sociais (50%), Emprego e Renda (60%) e Infraestrutura (61%). Essa performance multifacetada constrói uma imagem de gestor competente e pragmático, distanciando-o do perfil de um líder puramente ideológico e focado no confronto.

    2.2. O Teste de Força de 2024: A Vitória sobre o Bolsonarismo em Casa

    As eleições municipais de 2024 em Goiás serviram como um campo de provas para a disputa de influência entre Caiado e Bolsonaro. Nos dois maiores colégios eleitorais do estado, o resultado foi uma vitória contundente para o governador.

    Em Goiânia, a disputa foi um confronto direto entre o candidato de Caiado, Sandro Mabel (União Brasil), e o nome apoiado por Bolsonaro, Fred Rodrigues (PL). Após uma campanha polarizada, Mabel sagrou-se vitorioso no segundo turno com 55,53% dos votos válidos, demonstrando a superioridade da máquina política e do prestígio de Caiado na capital.

    O cenário se repetiu em Aparecida de Goiânia, a segunda cidade mais populosa do estado. O candidato do grupo caiadista, Leandro Vilela (MDB), enfrentou o bolsonarista Professor Alcides (PL). Vilela venceu de forma decisiva no segundo turno, com 63,6% dos votos, consolidando a hegemonia de Caiado nos principais centros urbanos goianos.

    Após a vitória nas urnas, o projeto de Caiado enfrentou um obstáculo jurídico. Uma juíza de primeira instância o condenou à inelegibilidade por abuso de poder político, acusando-o de usar o Palácio das Esmeraldas para eventos de campanha de Mabel. Contudo, em uma demonstração de força institucional, a decisão foi revertida por unanimidade pelo pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). A reversão contou inclusive com parecer favorável da Procuradoria Regional Eleitoral, que considerou as sanções desproporcionais. Superar esse desafio não foi apenas uma vitória legal, mas uma prova de seu controle sobre as estruturas de poder em Goiás, contrastando com as sucessivas derrotas de Bolsonaro nos tribunais.

    2.3. Projeto Planalto: A Estratégia e os Desafios da Candidatura Presidencial

    Com a base regional solidificada, Ronaldo Caiado foi o primeiro pré-candidato do campo da direita a lançar oficialmente sua postulação à Presidência em 2026. O evento de lançamento, realizado em Salvador, Bahia, foi uma escolha estratégica para aumentar sua visibilidade na região Nordeste, um reduto eleitoral do presidente Lula.

    A plataforma de Caiado está em construção, mas se apoia em pilares claros. O primeiro é a promessa de replicar em nível nacional seu modelo de segurança pública, baseado em uma postura de confronto direto com a criminalidade. O segundo é um discurso de pacificação, propondo um governo de apenas um mandato para focar em reformas estruturais. O terceiro, e mais estratégico, é um aceno direto à base bolsonarista: a promessa de conceder uma "anistia ampla, geral e irrestrita" a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

    Apesar da força demonstrada em Goiás, o principal desafio de Caiado é nacionalizar seu nome. Uma pesquisa Genial/Quaest revelou que 54% do eleitorado brasileiro não o conhece. Esse desconhecimento se reflete nas simulações de segundo turno para 2026, onde ele apresenta uma desvantagem maior contra Lula em comparação com outros nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A estratégia de Caiado parece ser de dupla via: apresentar-se como um gestor pragmático e eficiente, ao mesmo tempo em que adota pautas ideológicas caras ao bolsonarismo para cooptar a base que ficará órfã com a saída de seu líder.

    Capítulo 3: A Batalha pela Alma da Direita Goiana: Reconfiguração do Eleitorado Conservador

    A ascensão de Ronaldo Caiado e o declínio de Jair Bolsonaro não estão apenas redesenhando o mapa do poder, mas também reconfigurando a identidade do eleitorado conservador em Goiás. O estado, que foi um bastião do bolsonarismo, agora experimenta uma transição em que o pragmatismo administrativo disputa espaço com a lealdade ideológica pura.

    3.1. Do Bolsonarismo Raiz ao Caiadismo Pragmático

    As eleições municipais de 2024 em Goiás ofereceram um vislumbre claro dessa transição. A vitória dos candidatos apoiados por Caiado em Goiânia e Aparecida de Goiânia sugere que, para uma parcela significativa dos eleitores de direita, a percepção de eficácia administrativa e a estabilidade política, personificadas por Caiado, começam a ter um peso maior do que a fidelidade ao projeto bolsonarista.

    Especialistas em política local apontam que a polarização em Goiás mudou de eixo. Se antes a disputa se dava entre esquerda e direita, hoje ela ocorre dentro do próprio campo conservador, entre uma "direita tradicional" ou pragmática, liderada por Caiado, e a "extrema-direita" bolsonarista. Os resultados de 2024 indicam que a primeira demonstrou ter maior capacidade de mobilização e apelo nos maiores centros urbanos. A experiência de uma gestão estadual de direita bem-sucedida oferece a esse eleitor um modelo alternativo ao bolsonarismo nacional, que foi marcado por crises institucionais constantes. A escolha nas urnas sugere uma preferência crescente por "ordem e resultados" em detrimento de "guerra cultural e confronto permanente".

    3.2. O Vácuo de Liderança e a Disputa pelo Espólio

    Com Bolsonaro judicialmente inviabilizado, Ronaldo Caiado se posiciona para preencher o vácuo de liderança conservadora em Goiás de forma quase hegemônica. Ele não apenas herda os votos, mas também a estrutura política e a narrativa de oposição ao governo federal, que ele exerce com críticas contundentes, especialmente na área da segurança pública.

    Essa consolidação de poder tende a provocar um realinhamento pragmático da bancada federal goiana. Majoritariamente conservadora e alinhada a pautas das frentes parlamentares da Agropecuária, da Segurança Pública e Evangélica (conhecidas como "bancada BBB") , a tendência é que deputados e senadores se aproximem do poder estadual consolidado por Caiado, que, por sua vez, busca ativamente essa sintonia para fortalecer seus projetos. A lealdade a Bolsonaro, embora ainda presente, pode ser suplantada pela necessidade de se alinhar a um líder de direita que demonstrou entregar resultados administrativos e, crucialmente, vitórias eleitorais.

    Capítulo 4: Cenários para 2026: Goiás no Epicentro da Sucessão

    A projeção nacional de Ronaldo Caiado coloca Goiás no centro das articulações para as eleições de 2026, tanto na disputa pelo governo estadual quanto na corrida presidencial. Os desdobramentos em seu estado natal serão determinantes para a viabilidade de seu projeto de poder.

    4.1. A Sucessão Estadual: A Batalha entre a Continuidade (Vilela) e o Passado (Perillo)

    Com Caiado focado na presidência e legalmente impedido de concorrer a um terceiro mandato de governador, a disputa por sua sucessão em Goiás já está delineada. Seu herdeiro político natural é o vice-governador Daniel Vilela (MDB), que preside o partido no estado e tem ganhado visibilidade ao assumir o governo interinamente e liderar iniciativas importantes. Vilela representa a continuidade do projeto caiadista.

    Seu principal adversário deverá ser o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), uma figura histórica da política goiana que hoje preside o PSDB em nível nacional e articula seu retorno ao Palácio das Esmeraldas. As pesquisas de intenção de voto iniciais mostram um cenário de alta competitividade, com um empate técnico entre Daniel Vilela, com 26%, e Marconi Perillo, com 22%. O fator decisivo nessa disputa será a capacidade de Caiado, com seus 88% de aprovação, de transferir seu prestígio e seus votos para Vilela. A eleição de seu sucessor é crucial para manter sua base de poder intacta enquanto almeja o Planalto.

    4.2. O Fator Caiado na Disputa Presidencial: Cenários de Unidade, Fragmentação e Composição

    A candidatura de Ronaldo Caiado à Presidência em 2026 pode seguir diferentes caminhos, dependendo das alianças e da dinâmica da disputa interna na direita.

    • Cenário 1 (Candidato da Unidade): Neste cenário, Caiado consegue unificar os principais partidos de direita e centro-direita (como União Brasil, PP e parte do PL) em torno de seu nome. Seus trunfos para essa negociação seriam sua comprovada força eleitoral em Goiás, onde derrotou o bolsonarismo , e sua plataforma que acena para a base radical com a promessa de anistia , ao mesmo tempo em que se apresenta como um gestor experiente.
    • Cenário 2 (Disputa Fragmentada): A direita pode ir dividida para o primeiro turno. O principal concorrente de Caiado pelo espólio de Bolsonaro é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio também defende a anistia para os envolvidos no 8 de janeiro e, por governar o estado mais populoso, aparece em posição mais competitiva nas pesquisas nacionais. Uma disputa entre os dois poderia fragmentar o voto conservador, arriscando deixar a direita fora do segundo turno.
    • Cenário 3 (Vice ou "Kingmaker"): Caso sua candidatura não decole nacionalmente, como indicam as pesquisas sobre seu alto índice de desconhecimento , Caiado poderia usar seu capital político e o controle sobre a máquina do União Brasil para negociar uma posição de destaque. Ele poderia compor como vice em uma chapa liderada por Tarcísio ou atuar como um "kingmaker", um apoiador decisivo cujo endosso poderia definir o candidato da direita e os rumos da campanha.

    A promessa de anistia funciona como uma "ponte" estratégica de Caiado para o eleitorado bolsonarista, mas também representa seu maior risco. Ao adotar essa pauta, ele entra em competição direta com Tarcísio, que empunha a mesma bandeira. Além disso, a defesa de uma anistia irrestrita pode afastar eleitores de centro-direita que o admiram como gestor pragmático, mas rejeitam o radicalismo associado aos ataques de 8 de janeiro. O sucesso de sua campanha dependerá de sua habilidade em equilibrar a imagem de "xerife ordeiro" com a de "protetor dos patriotas".

    Capítulo 5: Análise Conclusiva e Recomendações Estratégicas

    A derrocada jurídica de Jair Bolsonaro funciona como um poderoso catalisador, acelerando uma reconfiguração da direita brasileira que tem em Goiás seu principal palco de experimentação. Ronaldo Caiado emerge como o ator central neste processo. Ele soube converter sua gestão de aprovação recorde em uma hegemonia política local, comprovada pela vitória sobre o bolsonarismo nas eleições municipais de 2024, e agora busca projetar esse poder para a arena nacional.

    A provável prisão de Bolsonaro solidificará o vácuo de liderança, tornando a ascensão de um ou mais herdeiros uma necessidade para a sobrevivência política do campo conservador. Caiado está posicionado de forma única para ocupar parte desse espaço, oferecendo uma síntese atrativa de "ordem sem caos": a firmeza na segurança e nos costumes, aliada à competência administrativa e à estabilidade institucional que faltaram a Bolsonaro.

    Contudo, seu sucesso na empreitada de 2026 dependerá de superar três grandes desafios: primeiro, transformar sua popularidade regional em apelo nacional, vencendo a barreira do desconhecimento; segundo, vencer a disputa interna da direita pelo espólio bolsonarista, principalmente contra Tarcísio de Freitas; e terceiro, garantir a eleição de seu sucessor em Goiás para manter sua base de poder intacta. O cenário em Goiás, portanto, não é apenas um reflexo da crise do bolsonarismo; é um vislumbre de um dos futuros possíveis para a direita brasileira.

    Recomendações Estratégicas

    • Para Atores Políticos: A capacidade de transferência de votos de Ronaldo Caiado para seu sucessor, Daniel Vilela, na eleição para o governo de Goiás em 2026, deve ser monitorada como o principal indicador de sua força política real e de sua viabilidade como articulador nacional.
    • Para Analistas de Mercado: A ascensão de um perfil como o de Caiado — fiscalmente conservador, focado em segurança e com um histórico de gestão pragmática — pode ser interpretada como um fator de potencial estabilização no campo da direita, em contraste com a imprevisibilidade e a instabilidade institucional que marcaram o governo Bolsonaro.
    • Para a Mídia: É fundamental aprofundar a cobertura sobre o fenômeno da "pragmatização" do eleitorado conservador em estados com governos de direita bem-sucedidos. Analisar se a preferência por resultados administrativos sobre a pura retórica ideológica, observada em Goiás, é um caso isolado ou uma tendência que pode se replicar em outras partes do país, redefinindo o perfil do voto de direita no Brasil pós-Bolsonaro.

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